O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, provocou preocupações globais ao ordenar que seu país acelere os preparativos para uma potencial guerra, conforme revelado pela mídia estatal. Isso acontece em meio a uma série de tensões e conflitos recentes na região, com Kim Jong-un alertando, há uma semana, sobre a possibilidade de um ataque nuclear como resposta a provocação externa.
A situação militar na península coreana está em pauta, e para esclarecer melhor esse contexto, buscamos a análise do professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense, Vitélio Brustolin.
O líder ditatorial argumenta que os confrontos sem precedentes dos Estados Unidos tornaram a situação militar na região extremamente delicada. Isso levanta questões sobre se as declarações recentes de Kim são apenas mais uma provocação ou se representam uma preocupação genuína que deve ser tratada com seriedade.
De acordo com o professor Brustolin, as ações e discursos de Kim Jong-un são principalmente voltados para o público interno. Ele enfatiza a importância de prestar atenção, mas ressalta que a Coreia do Norte, apesar de deter armas nucleares – aproximadamente 50 ogivas estimadas – está mais focada no desenvolvimento de sua estratégia de dissuasão do que em realizar um ataque ofensivo.
Embora o país tenha avançado em tecnologia, como o desenvolvimento de combustível sólido para sistemas de mísseis e o míssil balístico intercontinental Rua Song 18, capaz de alcançar até 1000 km, suas capacidades nucleares e bélicas são limitadas. O país detém apenas a capacidade de um “primeiro strike” em sua estratégia nuclear, o que implicaria uma retaliação imediata dos Estados Unidos.
Para os Estados Unidos, a situação na península coreana é de interesse primordial, dada a parceria estratégica com a Coreia do Sul, o Japão e outros aliados na região. A China é considerada um competidor global e a região, estrategicamente crucial. Portanto, é vital uma diplomacia robusta e cooperação internacional para reduzir as tensões e evitar uma escalada militar.
A aproximação entre a Coreia do Norte e a Rússia, evidenciada no encontro entre Kim Jong-un e Vladimir Putin em setembro, gera inquietações sobre alianças geopolíticas e seu impacto nos interesses dos EUA e da Europa. Embora não se trate de uma nova Guerra Fria, há uma divisão global em blocos, influenciando conflitos e disputas geopolíticas em diferentes partes do mundo.
Em conclusão, a ordem de Kim Jong-un de acelerar os preparativos para guerra demanda atenção global. No entanto, é essencial compreender a ênfase da Coreia do Norte na dissuasão, não na agressão nuclear. A cooperação internacional e a diplomacia são cruciais para mitigar as tensões na região e garantir a segurança global.