O economista Javier Gerardo Milei, aos 53 anos, tornou-se a sensação das eleições presidenciais na Argentina em 2023. Sua trajetória singular e suas propostas audaciosas conquistaram uma fatia significativa do eleitorado local, posicionando-o como um dos principais concorrentes. Vencedor das primárias em agosto, Milei representando a coalizão La Libertad Avanza, alcançou o segundo lugar no primeiro turno, angariando mais de 8 milhões de votos, equivalente a cerca de 30% dos votos válidos.
Sua ascensão na política é relativamente recente, tendo-se tornado figura pública há menos de uma década como comentarista de TV e apenas concorrido a uma carga política em 2021, quando foi eleito Deputado. Seu estilo peculiar e sua imagem meio “roqueira”, com cabelos desalinhados e costeletas, renderam apelidos como “Wolverine” e “peruca” pela imprensa argentina. No entanto, foi a sua postura política de extrema direita, autointitulando-se anarco-capitalista, somada a declarações controversas, que o colocaram no centro das atenções.
Tal como líderes populistas de outras nações, como Donald Trump e Jair Bolsonaro, Milei atraiu seguidores, especialmente entre os mais jovens, gerando elogios de seus pares ideológicos. O apoio presencial do deputado brasileiro Eduardo Bolsonaro e as manifestações nas redes sociais contribuíram para sua campanha. Milei enfatizou sua intenção de implementar cortes no estado argentino, simbolizando-os com o uso de uma motosserra, enquanto criticava fervorosamente a chamada “casta política” do país.
Suas propostas de destaque concentram-se na área financeira, como a dolarização da economia e o fim do Banco Central, o que culpa pela inflação. No âmbito social, adota uma postura conservadora, defendendo o porte de armas e opondo-se ao aborto legalizado. No entanto, certos posicionamentos, como acusar o Papa Francisco de ser comunista e elogiar Margaret Thatcher, ex-primeira ministra britânica durante a Guerra das Malvinas em 1982, geraram controvérsias.
No segundo turno, Milei moderou seu discurso, buscando apoio de setores mais tradicionais e até mesmo do centro político, recebendo endosso do ex-presidente Maurício Macri e da candidata derrotada Patrícia Bullrich. Essa mudança de tom levanta questionamentos sobre a coerência de suas propostas e o tipo de governança que pode ser esperado.
A incerteza paira sobre a Argentina diante da dualidade de Javier Milei: o candidato das promessas ousadas ou o político moderado e realista que será apresentado a partir de dezembro. Essa incógnita deixa seus seguidores com muita ansiedade para ver o boato de que o país tomará sua possível liderança.