Pela primeira vez em quase uma década, as empresas estatais brasileiras enfrentam uma perspectiva desafiadora ao se aproximarem do final de 2023, com um déficit acumulado estimado em quase 6 bilhões de reais. O Ministério da Fazenda e do Planejamento divulgou projeções alarmantes, que sinalizam uma mudança drástica em relação aos superávits registrados nos últimos cinco anos, exceto pelo impacto inicial da pandemia de COVID-19 em 2020, onde o déficit foi significativamente menor, atingindo 600 milhões de reais.
De acordo com as previsões das autoridades responsáveis, as principais empresas estatais enfrentando maiores perdas em suas contas incluem a Dataprev, com um déficit de 198,2 milhões de reais, seguida pela INB (Indústrias Nucleares do Brasil) com 328,2 milhões de reais em déficit. A EMGEPRON (Empresa Gerencial de Projetos Navais) é apontada como a estatal mais afetada, com um déficit estimado em 3,17 bilhões de reais, seguida pelos Correios, com 596,7 milhões de reais em prejuízos.
Uma preocupação adicional é a ausência de relatórios trimestrais sobre as finanças das estatais desde 2017, anteriormente disponibilizados pelo governo. Esses relatórios forneciam informações detalhadas sobre os gastos e as receitas das empresas estatais, garantindo transparência e permitindo uma análise mais clara de sua situação financeira.
O Ministério da Fazenda expressou preocupação com essa falta de transparência, enfatizando a importância desses relatórios para garantir a responsabilidade financeira e a saúde econômica das estatais. A ausência desses documentos levanta questões sobre a gestão e o controle das finanças das empresas estatais, gerando um debate sobre a necessidade de retomar a divulgação desses relatórios para oferecer maior clareza e controle sobre suas operações.
A possível necessidade de intervenção do Tesouro Nacional para cobrir esse déficit, algo que não ocorria há oito anos, coloca em evidência a urgência de medidas corretivas e um maior escrutínio sobre as finanças das empresas estatais. A transparência e a responsabilidade financeira são fundamentais para a estabilidade econômica e o bom funcionamento dessas instituições, e a retomada dos relatórios trimestrais pode ser crucial para restaurar a confiança e a fiscalização sobre suas operações.